quarta-feira, 31 de agosto de 2011

PAGAMENTOS EM CHEQUE E DINHEIRO DÃO LUGAR A CARTÕES

portal Maxpress 30/08/2011 – release E- Press Comunicação

Em 2021, os pagamentos com cartões na economia brasileira se tornarão preponderantes, superando pagamentos em dinheiro ou com cheque, este último já em franco declínio. Estes e outros dados sobre a evolução do segmento de cartões de crédito e débito, especialmente no segmento de estabelecimentos comerciais e de serviços, serão discutidos em palestra de Boanerges Ramos Freire, Presidente da Boanerges & Cia., empresa especializada em varejo financeiro, que acontece no Congresso de Cartões e Crédito ao Consumidor (C4) no Centro de Convenções Frei Caneca em São Paulo em 31/08 e 01/09.

Segundo Boanerges, essas mudanças no perfil de pagamentos no Brasil traz importantes implicações para lojistas, operadoras de cartões e também consumidores, uma vez que os cartões são, de longe, meios de pagamento mais inteligentes:

“A ampliação dos pagamentos com cartões traz para toda a vasta rede de empresas envolvidas nesse processo, como bancos, operadoras de cartões, seguradoras, lojas, financeiras, entre outras, uma variedade de informações inéditas, que podem resultar em novos negócios e formas de fidelização de clientes”, explica Boanerges, com mais de 30 anos de atuação nesse mercado.
Cheque em decadência – Um dos fenômenos do avanço do pagamento com cartões, que agora parcelam compras sem juros, como cheques pré-datados, é o acelerado processo de decadência do cheque, que respondia por 34% dos pagamentos no ano 2000 e chegará a 2021 com apenas 2% de participação:

“Há toda uma mobilização contra os pagamentos em cheques, a começar pelo fato de ser um meio de pagamento inseguro, suscetível a falsificações e ao velho problema da falta de fundos, algo que os cartões de crédito e débito já resolveram”, assinala Boanerges.

A palestra de Boanerges, que faz uma análise sobre o segmento de aceitação de cartões em lojas e estabelecimentos, conhecido como “acquiring” ou credenciamento, acontece no dia 31/08, às 14h, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Mais informações sobre o congresso podem ser obtidas pelo endereço: www.congressoc4.com.br.




Sobre a Boanerges & Cia.

A Boanerges & Cia. é uma consultoria especializada em varejo financeiro, e ao longo dos seus 10 anos de atuação no mercado vem desenvolvendo diversos projetos para empresas e profissionais do setor, através de soluções customizadas a cada caso e sempre voltadas para o resultado prático. Seus trabalhos contemplam diferentes áreas como estratégia e planejamento, marketing e vendas, finanças e controles, crédito e cobrança, operações e tecnologia, recursos humanos, aspectos legais, gestão da qualidade e gestão de projetos. É atualmente reconhecida como uma das maiores especialistas no mercado de varejo financeiro, com destaque para cartões, crédito ao consumidor e seguros.

FATURAMENTO DE CARTÕES REGISTROU ALTA DE 26% NO SEGUNDO TRIMESTRE

portal Monitor |Mercantil 30/08/2011

Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o faturamento dos cartões de crédito, débito e de rede/loja no Brasil registrou alta de 26% no segundo trimestre de 2011, em comparação ao mesmo período do ano passado. O incentivo à maior competitividade e a entrada de novos players no mercado, provocados pela quebra de exclusividade entre bandeiras e credenciadoras, ajudaram a impulsionar o crescimento. O bom momento da economia nacional, com a baixa taxa de desemprego e o aumento da oferta de crédito, também estimulou o resultado acima da média, que totalizou R$ 158,9 bilhões.

Para Claudio Yamaguti, presidente da Abecs, os números superam as expectativas do mercado, mas estão de acordo com o momento atual da indústria.

- Já imaginávamos que a abertura da atividade de adquirência provocaria um aquecimento no setor e aumentaria a busca por credenciamento no varejo, o que consequentemente gera maior uso dos cartões - afirma.

Além disso, há grande influência do aumento do poder aquisitivo do brasileiro e do maior acesso da população das classes C, D e E aos serviços financeiros.

Quando avaliadas separadamente, as modalidades de cartão registraram os seguintes valores de faturamento: R$ 92,5 bilhões em cartões de crédito, com crescimento de 25%; R$ 46,1 bilhões em cartões de débito, com alta de 28%; e R$ 20,3 bilhões em cartões de rede/loja, 29% a mais do que o registrado no segundo trimestre de 2010. O número total de transações foi de 1,99 bilhão, aumento de 20%. Nesse quesito, o crescimento por modalidade foi de 18% em cartões de crédito, 22% em cartões de débito e 20%* em cartões de rede/loja, totalizando, respectivamente, 834,2 milhões, 805,5 milhões e 356,1 milhões de transações.

Quanto ao número total de plásticos em circulação no Brasil, o final do segundo trimestre registrou 657,2 milhões de unidades, crescimento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. As quantidades por modalidade e os respectivos crescimentos foram de: 162,3 milhões (12%) de cartões de crédito, 257,9 milhões (7%) de cartões de débito e 237 milhões (12%) de cartões de rede/loja. Houve também leve incremento no tíquete médio das operações, de 6%. O valor médio das compras com cartões de crédito continua maior, com R$ 111, contra R$ 57 tanto dos cartões de débito quanto dos cartões de rede/loja.

Outro fator que continua contribuindo para o crescimento do faturamento de cartões de crédito é o aumento dos gastos dos brasileiros no exterior. O valor total de compras feitas com esse meio de pagamento em outros países foi de R$ 4,9 bilhões no segundo trimestre do ano, o que representa um crescimento de 22% ante o mesmo período de 2010. O resultado pode ser atribuído à valorização da moeda nacional em relação ao dólar e ao aumento do poder aquisitivo do brasileiro.

Por região e ramo de atividade - Considerado por regiões do Brasil, o faturamento do mercado de cartões nesses três meses cresceu de forma similar à do segundo trimestre de 2010. O Centro-oeste registrou a maior alta entre todas as regiões, tanto nos cartões de crédito quanto nos cartões de débito, com 27% e 32% de crescimento, respectivamente. O Sul também merece destaque, com resultados semelhantes: 26% em cartões de crédito e 32% em cartões de débito. A representatividade de cada região nas duas modalidades é: Sudeste com 66% (crédito) e 62% (débito), Sul com 12% e 15%, Nordeste com 12% e 10%, Centro-oeste com 7% e 9% e Norte com 3% em cada.

Por meio de uma análise dos resultados em relação aos ramos de atividade, é possível notar a tendência de ampliação da aceitação dos cartões em nichos não tradicionais. Em faturamento de cartões de crédito, o crescimento foi maior para Outros Serviços e Profissionais Liberais (54%), Setor Primário, Indústria e Serviços Básicos (41%), que contempla segmentos como educação e saúde, e Demais Comércios Atacadistas e Varejistas (40%), que incluem segmentos como os de comércio atacadista e materiais de construção. No caso de cartões de débito, os crescimentos mais acentuados foram em Demais Comércios Atacadistas e Varejistas (50%), Setor Primário, Indústria e Serviços Básicos (44%) e Comércio Automotivo (34%).

Resultado semestral e estimativa para 2011 - No primeiro semestre de 2011, o mercado de cartões totalizou um faturamento de R$ 304,5 bilhões, com crescimento de 25% em comparação com os primeiros seis meses de 2010, sendo R$ 176,2 bilhões (24%) em cartões de crédito, R$ 89,5 bilhões (27%) em cartões de débito e R$ 38,8 bilhões (26%) em cartões de rede/loja. O número de transações cresceu 19%, totalizando 3,85 bilhões. Por modalidade, o crescimento das transações foi de 17% para cartões de crédito, 21% para cartões de débito e 18%* para cartões de rede/loja.

Dados os resultados consolidados do primeiro semestre e a expectativa de consumo para o segundo semestre de 2011, estimulada pelas festas de final de ano e pelo 13º salário dos trabalhadores, as estimativas feitas para o ano foram revisadas. Com isso, a Abecs estima que o mercado de cartões encerre o ano com crescimento de 23% no faturamento total, em comparação com o resultado apresentado em 2010.

SOROCRED PLANEJA BANCO PARA ATENDER DEMANDA DA CLASSE C

jornal DCI 30/08/2011 – Marcelle Gutierrez e Renato Carvalho

Criada em 1990, a financeira Sorocred amplia sua forma de atuação nos últimos anos para além da emissão de cartões. Em 2010, ocorreu o início das operações de produtos financeiros e em 2011 houve a parceria com a seguradora Zurich. O próximo passo a médio prazo, segundo executivos da companhia, é a transformação em banco, com foco nas classes C, D e E. Se concretizado o projeto, a Sorocred entra em um setor que obteve a maior soma de lucros entre as empresas de capital aberto no primeiro semestre de 2011, de R$ 24,9 bilhões, de acordo com levantamento da Economatica.

Para Wilson Justo, diretor de Marketing da Sorocred, há na companhia uma adaptação ao crescimento. "A Sorocred tem 21 anos e há três acontece uma reestruturação com a chegada de novos executivos do mercado e nascimento de novos departamentos". O diretor-presidente da Sorocred Vale, Giovanni Santini, concorda com o momento de expansão. "Este é um dos melhores momentos da Sorocred."

Ao ser questionado sobre o avanço com a constituição de um banco, o diretor Wilson Justo diz que a companhia define estratégias detalhadas. "Sem dúvida o projeto do banco existe a médio prazo. Sempre lembramos, porque a empresa avança."

Com 4,2 milhões de clientes em sua carteira, o segmento de cartões permanece como "carro-chefe" dos negócios da Sorocred. Somente em 2011, o número de novos plásticos foi de 700 mil, o que representa uma expansão de cerca de 15% sobre o último ano, quando chegou a 3,5 milhões.

A expansão também está no número de estabelecimentos comerciais cadastrados, atualmente em 150 mil, por conta das parcerias fechadas com a Redecard e Cielo, líderes do setor de adquirentes, com 1,14 milhão e 1,115 milhão de estabelecimentos ativos, respectivamente, em junho deste ano. "Ao final do processo projetamos aumento de 30% no volume de transações com o cartão", afirma Justo, que complementa que há investimentos financeiros para o início das operações com a Redecard, no final de 2011, e da Cielo, em 2012. O tíquete médio dos cartões é de R$ 350.

O público-alvo da bandeira Sorocred, linhas de financiamento e seguros são as classes C, D e E, e as micro e pequenas empresas. Segundo o diretor de Marketing, o perfil é desenvolvido dentro da empresa desde a fundação. "Enquanto outras instituições descobrem a baixa renda, nós rentabilizamos este setor há muito tempo. Acompanhamos o crescimento das famílias que entram na cultura do consumo", diz Justo, que acrescenta: "O que a gente vê é a 'ponta do iceberg', pois as pessoas ainda dão os primeiros passos para o consumo..

No que se refere à manutenção dos índices de inadimplência sob controle, a financeira utiliza a educação financeira e atendimento personalizado, com concessões por meio da ferramenta tecnológica Credweb, disponível na rede de distribuição. "O cliente vê que a empresa atende rápido. Dias depois da primeira compra recebe o cartão. Quando realiza o primeiro pagamento daquele crediário, por exemplo, recebe o crédito." O diretor não informou os índices de inadimplência até o fechamento desta edição.

Justo cita o exemplo de um cliente que não utilizava o plástico havia alguns meses, e quando retornou teve aumento do limite, pois a mãe usava e realizava o pagamento em dia. "Se fica no rotativo [pagamento mínimo], o score diminui. Se é um bom pagador, o cartão recompensa". O diretor Giovanni Santini ainda acrescenta que a estratégia para manter os índices de falta de pagamento sob controle está na atuação de acordo com características regionais.

Outro produto ofertado na rede de atendimento para atingir as classes com menor poder aquisitivo é o seguro desemprego em parceria com a Zurich Seguros. Direcionado para os clientes do crédito pessoal, a apólice possui também título de capitalização com prêmio mensal de R$ 10 mil.

A Sorocred possui ainda financiamento de veículos, capital de giro, crédito consignado e investimentos. Para jovens empreendedores de baixa renda há o cartão Banco Pérola, com empréstimos de até R$ 5 mil. No setor de micro e pequenas empresas, o diretor de marketing cita como diferencial o atendimento. "Temos relacionamento com maior proximidade, inclusive com call center próprio. Nós conseguimos tratar o pequeno empresário como grande e quando ele cresce continua com a Sorocred."

O foco em clientes das classes C, D e E faz parte da história da financeira. Fundada em Sorocaba (SP), a companhia surgiu da iniciativa de dois antigos "boias-frias" que atuavam em uma financeira local. Depois da falência da empresa com o Plano Collor, iniciaram o investimento em 500 clientes pertencentes à carteira de cobrança ao oferecer crédito. Em seguida, o carnê evoluiu para cartão de identificação sem tarja magnética, que funcionava como cadastro pré-aprovado para agilizar crediário.

Deputados absolvem Jaqueline Roriz

A Câmara dos Deputados absolveu na noite desta terça-feira (30) a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) no processo de cassação do seu mandato. Foram 265 votos favoráveis a ela, 166 pela cassação e 20 abstenções. Eram necessários 257 votos para tirar o mandato de Jaqueline. Para os parlamentares, o vídeo de 2006 no qual ela aparece recebendo um pacote de dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, não representou quebra de decoro parlamentar. O principal argumento usado é que, naquela época, ela ainda não era deputada.

A gravação em que Jaqueline aparece recebendo um pacote de dinheiro foi divulgada em março em primeira mão pelo portal Estadão.com.br. Com base nisso, o PSOL pediu ao Conselho de Ética a abertura de investigação contra a deputada. Aquele colegiado decidiu por 11 votos a 3 recomendar a cassação da parlamentar. No plenário, porém, o voto secreto e o quórum baixo ajudaram a salvar o mandato da deputada.

Durante o dia, dezenas de manifestantes protestaram pela cassação da deputada. Faixas foram espalhadas por Brasília para tentar sensibilizar os deputados. Jaqueline chegou à Câmara pouco antes das 17 horas e utilizou uma entrada em um túnel no anexo I da Câmara para evitar dar declarações aos jornalistas.

A sessão foi iniciada às 17h30, com uma hora e meia de atraso. Mesmo assim, somente 310 deputados tinham registrado presença e menos de 100 estavam presentes quando o relator, Carlos Sampaio (PSDB-SP), foi ao plenário explicar aos colegas seu parecer. Outra amostra da pouca atenção dispensada pelos deputados ao caso é que somente seis se inscreveram para falar sobre o tema.

Entre os parlamentares, prevaleceu o discurso do medo espalhado pela defesa de Jaqueline. Os deputados acabaram absolvendo a colega para se proteger do futuro por enxergarem em uma eventual condenação a possibilidade de virem a ser alvos de processos por fatos cometidos antes do mandato. Apesar das poucas defesas públicas, a maioria da Casa preferiu enfrentar a opinião pública a correr riscos.

O advogado de Jaqueline, José Eduardo Alckmin, foi o responsável pela aposta nesta tese da impossibilidade de se punir fatos anteriores ao mandato. "O que se quer é que todos os fatos da vida de um parlamentar possam ser julgados", disse o advogado.

A própria deputada usou a sessão que definiu seu futuro para falar na Casa pela primeira vez sobre o episódio. Frustrando as expectativas, porém, ela não entrou no mérito do caso. Jaqueline preferiu atacar a imprensa. "Lamentavelmente vivemos um período em que parcela da mídia devora a honra de qualquer pessoa". Fez ataques também ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que a denunciou na semana passada. Para ela, o processo que enfrentou na Câmara deveu-se a "absoluto interesse político".

Em seu pronunciamento, Jaqueline tentou dar um tom emocional ao caso. Ela afirmou ter sofrido muito junto com sua família e citou até o problema de um filho que sofre de hemofilia. Terminou seu discurso pedindo aos colegas que não a condenassem de forma "sumária".

O relator do processo tentou rebater a defesa argumentando que o fato só foi conhecido em 2011 e, portanto, teria de ser encarado como novo. "O ato indecoroso existe para que possamos extirpar do parlamento aquele que praticou ato contra o parlamento. Isso só pode ser discutido no momento em que o fato veio a luz", disse o relator.

Sampaio citou que a própria Jaqueline já tinha pedido a condenação de uma colega quando esteve diante de uma situação similar. Em 2009, a Câmara Legislativa da Distrito Federal cassou Eurides Brito por ter aparecido em vídeo recebendo dinheiro de Durval. Na ocasião, Jaqueline foi à tribuna e chamou a colega de "cara de pau" e "mau caráter".

Os argumentos do relator, porém, foram poucos para demover os deputados a proteger um dos seus e, com isso, Jaqueline Roriz foi absolvida e poderá agora "resgatar plenamente" sua capacidade política, como ela afirmou.

A última vez que a Câmara cassou um deputado foi no escândalo do mensalão. Naquela ocasião, foram cassados Roberto Jefferson (PTB), José Dirceu (PT) e Pedro Correa (PP). Naquele escândalo, outros seis deputados foram absolvidos em plenário.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

CADA BRASILEIRO TEM MAIS DE TRÊS CARTÕES NA CARTEIRA

Portal R7 28/08/2011 - Marcel Gugoni e Daia Oliver

Seis cartões de crédito, três de débito e um do seguro do carro que, no momento do aperto, permite o saque de uma graninha extra. É com esse monte de plásticos que a bancária Nathalia Imparato paga as contas, compra ingressos para shows, roupas, comida e leva a vida, já que ela quase nunca anda com dinheiro vivo na bolsa. O Brasil tem, hoje, mais cartões do que gente: são pelo menos três para cada pessoa.

Dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) mostram que havia pouco mais de 684,3 milhões de cartões em operação em julho, enquanto a população brasileira girava em torno de 190 milhões.

O setor vem crescendo cerca de 20% ao ano nos últimos dez anos e deve continuar a mostrar fôlego. O grande motor desse segmento de dinheiro virtual é a facilidade do crédito e o desenvolvimento de tecnologias que permitiram que a grana de plástico chegasse à praia, à feira e a qualquer lugar em que um autônomo queira vender algo.

O feirante Juninho, dono de uma banca de frutas que percorre as ruas da zona sul e da região central de São Paulo, diz que o cartão hoje é a salvação de qualquer comerciante.

- Como a maioria das minhas vendas é em bairro nobre, a máquina traz segurança. Até o gerente do banco achou estranho porque começou a entrar muito mais dinheiro na conta para uma banca de frutas. Hoje fidelizei meu cliente porque não cobro o mínimo, divido a compra em três vezes e, se a freguesa precisar, deixo até fazer saque.

José Eduardo Manier, diretor de cartões da financeira Lecca, explica que o cartão tende a ocupar o espaço do crediário, do cheque e do próprio dinheiro. Segundo ele, há quem ande com os trocados no bolso, mas o cartão é mais prático.

- É uma tendência natural. Antes, as POS [ponto de venda, na sigla em inglês, as maquininhas] tinham que ter uma linha exclusiva para operar. Hoje, elas operam por celular e satélite. Isso faz com que até um ambulante na praia possa receber. Cada vez mais veremos isso no dia a dia e fica muito mais fácil e seguro sair sem estar com moedas no bolso.

É a segurança que atraiu o autônomo Wilson Viola ao mundo dos cartões. Ele vende livros em faculdades e viaja o país participando de eventos universitários para vender obras específicas para as mais diferentes áreas do conhecimento.

- Se não fosse a maquininha, só teria o cheque. E cheque de estudante eu não pego. Já cheguei a tomar calote de R$ 1.000 ao vender livros mais caros, de coleções caras e raras, a um aluno que pagou com cheque sem fundos. Hoje é cartão direto. É seguro, prático e facilita a venda.
Controle alto

Mas a facilidade pode virar rapidamente uma bola de neve na mão de quem não tem controle. A bancária Nathalia, citada no início da reportagem, aprendeu a duras penas como controlar os gastos. Segundo ela, não dá para abrir mão dos dez cartões que a acompanham diariamente, mas é possível saber exatamente o que gastou, com o que e quando.

- Sou economista formada e me organizo com uma planilha. Não carrego dinheiro comigo. Tudo é no débito e no crédito. Então tem que organizar para não perder o controle. Tem vezes que a gente esquece uma compra que fez e a fatura só vai cair no mês que vem, isso pode prejudicar, mas com a planilha dá para controlar.

Ela conta que começou a usar o método depois que quase faliu devido a tantas contas. A psicóloga foi quem deu a dica.

- Tudo que eu via eu queria comprar. Eu até conversava sobre isso na terapia. E chegou um dia que eu falei que teria que parar porque estava sem dinheiro. E ela falou: ‘passe a controlar seus gastos. Tudo o que gastar, até a esmola de R$ 1 para o mendigo, vai colocar na planilha’.

Juros caros

O especialista em finanças pessoais Marcelo Maron, diretor-executivo do Grupo PAR, seguradora ligada à Caixa Econômica, faz uma conta simples para mostrar como o descontrole como o cartão é perigoso.

- Imagine que você comprou uma televisão de 42 polegadas por R$ 2.000 e resolveu usar seu cartão de crédito. Se você não conseguir pagar nada nestes quatro anos, considerando os juros cobrados pelas administradoras de cartões, sua dívida se tornaria R$ 1.539.281. Um aumento de 75.000%.

Os especialistas dizem que o maior problema é que as pessoas esquecem que o cartão não é dinheiro, mas uma modalidade de empréstimo, que cobra juros sobre o tempo que aquela grana ficou emprestada para você.

- Quando se soma os cartões, parcelas de empréstimos e todas as obrigações do nosso dia a dia, a falta de controle pode levar à insolvência. As pessoas esquecem que cartão não é dinheiro, mas crédito. Uma dívida de R$ 2.000 no cartão de crédito, hoje, que não esteja sendo amortizada, transforma-se em R$ 10.534 em um ano; R$ 55.485 em dois; R$ 292.244 em três anos e, em quatro anos, o dinheiro é suficiente para comprar um imóvel.

Pelos últimos números da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os juros do cartão estão em quase 240% ao ano.

Mercado potencial

Manier diz que ainda há muito para crescer. A estimativa é de que quase metade da população brasileira não seja bancarizada, isto é, não tenha sequer conta em banco para receber salário. Sete em cada dez ainda preferem o dinheiro vivo para pagar as contas.

- É comum, hoje, a classe média e a baixa renda (classes C, D e E) entrarem no mercado de cartões com o que chamamos de private label, são aqueles cartões de loja e de supermercados que agora permitem saques e coisas do tipo. Sem contar que muitos usam o cartão para fechar o mês.

Segundo ele, o mercado ainda precisa se educar financeiramente para evitar absurdos no uso do crédito como pagar uma fatura de cartão usando o limite de outro cartão.

- Não é à toa que se fala em crédito consciente. Tem que ter uma disciplina para não se atrapalhar. O consumidor está mais acostumado a olhar o tamanho da parcela que o dos juros. E o excesso de ofertas favorece o endividamento. Só que mais vale um cliente consciente do que um cliente que se enforca e não volta mais para o mercado.

Ele afirma que o espaço para crescer é justamente a grande briga das empresas do setor. Com o fim da exclusividade das bandeiras, os cartões puderam ir à praia. Agora o negócio é dar o cartão para quem ainda não tem crédito na praça usar de forma consciente.

- A cada dez clientes que pedem o cartão numa operação de varejo, possivelmente metade deles pode ser aprovada e metade, negada. Seja porque está no SPC, tem pendência no banco, não conseguiu comprovar renda ou qualquer outra coisa para aprovar o crédito. A saída seria um cartão pré-pago, que ainda é novidade no mercado. É uma forma de o varejo não perder a venda e ainda dar a chance de o cliente mostrar que poderia ter cartão comum.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Elavon anuncia David Zini (ex-Redecard) como Vice Presidente de Negócios

Portal Fator Brasil
 
Donizete Barbosa (ex-Cielo) será o diretor comercial. Empresa acelera ritmo de montagem da equipe com meta de conquistar 15% do mercado brasileiro de adquirência até 2015.
São Paulo – A Elavon acaba de anunciar a nomeação de David Zini para o cargo de vice-presidente de Negócios da companhia no Brasil. Ex-diretor regional e de varejo da Redecard, sua missão é comandar o departamento comercial da empresa que tem como meta conquistar 15% do mercado brasileiro de adquirência até 2015.
Com presença em 30 países, a Elavon foi eleita a melhor adquirente da Europa em 2010, na conferencia Cards & Payments Europe 2011. Ela é a segunda maior empresa do setor nos EUA por volume de afiliações. Considerando todas as suas operações no mundo a Elavon realiza 2,8 bilhões de transações por ano. No Brasil, a empresa inicia suas operações como um Joint Venture entre a Elavon Inc e o Citi/Credicard.
David Zini é formado em Direito pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) e graduado em Business Administration pela Triaton College, além de MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e na Kellogg School of Management, dos EUA.
Segundo ele, a estrutura da área comercial está sendo montada com foco em buscar o maior número de parceiros possíveis para ganhar volume de transações. Para isso, a Elavon vai apostar no relacionamento com os varejistas e na oferta de produtos diferenciados com base na experiência internacional da companhia.
“Teremos presença em todos os Estados onde o relacionamento com nosso cliente varejista exigir. Os números ainda não são definitivos, mas a princípio estimamos ter até o final de 2012 cerca de 50 pessoas diretamente ligadas ao departamento comercial da Elavon e outros 500 postos de trabalho indiretamente ligados à companhia”, diz.
Zini comenta ainda que a empresa trabalhará em parceria com os bancos. A intenção é usar as estruturas das instituições financeiras como canal de distribuição. “A Elavon é uma empresa completamente independente. Os varejistas que trabalharem com a Elavon terão total liberdade de continuar operando com os bancos que quiserem. Desta forma, não haverá restrição nem para a Elavon e nem para nenhum de seus parceiros varejistas em fechar formas de operação compartilhada com nenhum dos bancos que operam no Brasil”, explica.
David Zini configurou a estrutura do departamento tendo na direção comercial a presença de Donizete Barbosa, profissional que atua no mercado de cartões há mais de 15 anos e ocupou a posição de Diretor Comercial nos últimos anos na Cielo (ex-Visanet). “Donizete tem um profundo conhecimento dos clientes e uma enorme receptividade junto ao varejo por sua conduta pessoal e profissional. ”
O presidente da Elavon, Antonio Castilho, explica que a Elavon é uma empresa voltada totalmente para o varejo e que isto se reflete até nas pessoas que irão dirigir a companhia no Brasil. Ele afirma que sua própria trajetória profissional que registra experiência na Cielo (ex-Visanet), assim como a de David Zini, ex-Redecard e de Donizete Barbosa (também ex-Cielo) é uma prova disso. “Somos profissionais especializados na área de adquirência. Entendemos de varejo. Nosso foco é varejo. A Elavon representa uma nova visão para este segmento. Ela é uma empresa voltada a desenvolver soluções de captura e negócios específicos para atender ao cliente do varejo”, enfatiza Castilho.
Segundo ele, outra característica que será marca registrada da Elavon é a diversidade na formação da equipe. “Acreditamos que a mistura das culturas do mercado brasileiro somada à convivência com a experiência internacional de uma empresa global terá condições de oferecer diferenciais competitivos que enriquecerão o mercado de adquirência no Brasil e isto trará benefícios para todos”, conclui.
Perfil-A Elavon do Brasil é uma empresa de serviços para varejistas que oferece um conjunto completo de soluções de pagamento ao mercado brasileiro.
Com sólido crescimento no consumo e volume de crédito no Brasil, a nova empresa concorre em um mercado crescente que demanda escala, experiência, qualidade e inovação nos serviços. Combinados com a especialização de mercado da Credicard e o reconhecimento da marca, a Elavon fornece uma plataforma de processamento, eficiência financeira, soluções inovadoras de pagamento e processadores seguros em pontos de vendas, para aceitação de transações móveis.
A Elavon é a segunda maior empresa do setor nos EUA por volume de afiliações. Considerando todas as suas operações no mundo a Elavon realiza 2,8 bilhões de transações por ano. Com presença em 30 países, a Elavon foi eleita a melhor adquirente da Europa em 2010, na conferencia Cards & Payments Europe 2011.

Elavon monta equipe

A Elavon anunciou ontem a nomeação de David Zini para a vice-presidência de negócios da empresa no Brasil. Zini ocupava antes a diretoria de varejo da Redecard. A americana Elavon está montando equipe para começar suas operações no país em fevereiro de 2012. A estimativa é ter até o fim do ano que vem cerca de 50 pessoas diretamente ligadas ao departamento comercial. A Elavon fechou no fim de 2010 parceria com a Credicard, subsidiária do Citibank, para atuar no ramo de processamento de transações com cartões de crédito e débito.

Mesmo com crise, maioria espera taxa Selic estável até o fim de 2012

Por Lucinda Pinto e Angela Bittencourt
Leonardo Rodrigues / Valor/Leonardo Rodrigues / ValorJankiel Santos: dinâmica do crescimento do país tem "motores internos" mais importantes do que os internacionais
O mercado está convencido de que o Banco Central deve interromper o ciclo de aperto monetário na próxima reunião, que termina no dia 31 de agosto. Mas não tem certeza sobre o espaço de um novo ciclo, agora de alívio monetário, no curto prazo. A avaliação dos analistas é de que a piora das perspectivas da economia global deixa o cenário mais nublado e, por isso, afasta a chance de o BC continuar subindo a taxa Selic. Mas não traz a garantia de que a fraqueza da atividade no mundo desenvolvido amenizará, efetivamente, as pressões sobre a inflação doméstica.
Dos 33 economistas ouvidos pelo Valor, todos preveem estabilidade da Selic na reunião da semana que vem, em 12,50%. Apenas três esperam queda de juros ainda este ano; e treze veem Selic mais baixa até o fim de 2012. As demais ainda não preveem mudanças na taxa até dezembro do ano que vem, por causa do comportamento da inflação, que ainda resiste a flutuar acima do centro da meta, de 4,5%, mesmo com a atividade mundial em franca desaceleração.
"Não vejo elementos que tragam a inflação para baixo", afirma o economista-chefe da Tandem Global Partners e ex-diretor do Banco Central, Paulo Vieira da Cunha, que espera manutenção da Selic em 12,50% até dezembro de 2012. "Por isso, eu não entendo por que a curva de juros futuros já trabalha com expectativa de queda de juros." Em sua visão, os crescentes gastos públicos, o reajuste do salário mínimo e a massa salarial robusta continuarão alimentando a inflação nos próximos meses - ainda que a atividade sofra retração. E isso colocará o BC diante de um importante dilema: de um lado, verá a atividade crescer abaixo do potencial e, de outro, a inflação resistirá acima do centro da meta. "Aí é que será a decisão difícil", diz.
Para Vieira da Cunha, esse cenário foi traçado a partir da avaliação de que a crise externa parece contagiar o Brasil apenas pela via da aversão ao risco - por causa das incertezas sobre o rumo das economias desenvolvidas, investidores optam por ativos mais seguros, provocando volatilidade nos preços. Não há indicações de que o país vai se ressentir por causa de efeitos negativos financeiro ou comercial - que afetaram diretamente a economia brasileira em 2008, quando quebrou o banco Lehman Brothers. "Claro que se houver algo mais grave, o que até aqui parece ser pouco provável, as previsões mudam."
Jankiel Souza, economista-chefe do BES Investiment, acredita que a Selic poderá voltar a cair em outubro de 2012. Mas, até lá, a inflação continuará tendo um peso importante no balanço de riscos a ser considerado pelo BC. "O mais provável é que a inflação fique acima do centro da meta, de 4,5%, apesar da crise", afirma. Isso porque, explica, a dinâmica do crescimento do país tem "motores internos" mais importantes do que os internacionais. "A corrente de comércio do Brasil é de cerca de 20% do PIB, o que significa que o efeito sobre a inflação de uma queda do preço das commodities é reduzido", afirma. "Se o Chile, que tem uma economia muito mais aberta, não está falando em cortar juros, não faria sentido que o Brasil fizesse isso agora."
A dimensão da crise atual - mais restrita do que a vivida em 2008, quando os BCs do mundo tiveram de afrouxar a política monetária - aparece como importante argumento entre os analistas que esperam juros estáveis nos próximos meses. É o caso de Marcelo Kfouri, economista-chefe do Citibank Brasil, que não considera o momento como uma nova crise, mas continuação de 2008. Para ele, a reação dos juros futuros, que caíram com força nas últimas semanas, é a iniciativa do mercado de antecipar o que ocorreu na crise de 2008. Mas ele não vê espaço neste momento para uma reação do governo pautada por estímulos fiscais e monetários. "Na prática, temos uma reprecificação de ativos num cenário de risco de recessão. Nós, no Citibank, ainda não trabalhamos com essa perspectiva", observa. Assim, o economista vê queda no próximo movimento do Copom, mas não acredita que ele ocorrerá tão cedo.
Marcelo Kfouri calcula que o Copom deve baixar o juro somente quando a atividade for efetivamente comprometida. E isso só poderá ser visto a partir dos indicadores de agosto e setembro. Ele avalia que algo pode acontecer até outubro ou um pouco mais adiante. Na estimativa do Citibank, o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre estará rodando a 0,5% ou 2% anualizados, confirmando uma atividade fraca.
"Não estamos vivendo uma crise aguda, como a de 2008, mas uma desaceleração", afirma o economista-chefe do HSBC, André Loes. Ainda que esse fenômeno possa provocar a recessão dos países desenvolvidos e, assim, afetar os preços globais, o fato de a inflação ainda estar bem acima do centro da meta impede que o BC considere a possibilidade de cortar os juros agora. "Dependendo dos próximos números, talvez haja alguma mudança da elic em novembro", afirma. "Mas a postura típica dos momentos em que o cenário está nublado é não fazer nada. Acho que o BC não irá se precipitar."
Já o Bradesco não descarta o início do afrouxamento monetário antes do fim do ano. Em princípio, Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da instituição, considera a possibilidade de um corte do juro básico ocorrer somente no primeiro trimestre de 2012. Ainda assim, ele reitera o discurso da maioria do mercado de preocupação com a inflação. "Não devemos desprezar o risco de estouro do teto da meta [de inflação] este ano", afirma. Para ele, esse risco aumentou consideravelmente, porque a atividade não vai desacelerar tanto. "Haverá desaceleração, mas não de forma dramática", afirma. "As condicoes materiais para o consumo e o investimento continuam praticamente intactas."
No grupo da minoria, Marcelo Carvalho, economista-chefe do BNP Paribas para América Latina, vê dois cortes consecutivos da Selic ainda neste ano, nas duas últimas reuniões do Copom, e conta com redução de mais 1 ponto percentual em 2012, o que levará a taxa a 11%. Ele atribui esse declínio rápido ao desaquecimento da economia global, afetando o Brasil. "O BC vai reagir à desaceleração da atividade no Brasil que vai ser muito mais pronunciada do que se imagina. Projetamos crescimento do PIB abaixo de 3% em 2012, refletindo, também, as medidas domésticas de aperto monetário já adotadas nesse ano, além do choque global."

Oportunidades estão nos mercados emergentes, avalia CME Group

Por Daniela Machado
Ana Paula Paiva/Valor/Ana Paula Paiva/ValorDonohue: próxima fronteira está em Brasil, México, Coreia, Índia e China
 
Líder no mercado de derivativos, o CME Group, controlador da Bolsa de Chicago, não vê com preocupação o avanço nas negociações de integração entre a Deutsche Börse, controladora da Bolsa de Frankfurt, e a Nyse, de Nova York. Para o grupo, as melhores oportunidades estão mesmo nos países emergentes e a parceria com a BM&FBovespa abre espaço para que outros negócios nesses mercados sejam avaliados conjuntamente.
Em entrevista ao Valor, o presidente-executivo do CME Group, Craig Donohue, que está no Brasil para participar do Congresso de Derivativos da BM&FBovespa, também avaliou que o cenário global é "desafiador", mas disse não ver uma repetição do quadro de 2008, com forte restrições de liquidez. Para ele, as discussões de mais regulação sobre os derivativos de balcão, que despontam em momentos de crise, estão na direção correta.
Valor: Esta semana houve um novo capítulo na proposta de integração de Deutsche Börse e Nyse, com o sinal verde de um comitê americano. Qual a estratégia do CME Group frente ao movimento global de consolidação de bolsas?
Craig Donohue: Nossa estratégia tem sido foco nos mercados derivativos porque temos mais oportunidades para crescer, para inovar. Nós lideramos esse mercado e, idealmente, queremos cobrir um leque mais amplo de ativos. A Nyse e a Deutsche Börse estariam tomando um passo nessa direção, avalio que eles estão construindo um perfil que é mais similar ao nosso próprio. Então, não acho que precisamos desenvolver uma estratégia para responder a eles. Nosso foco está realmente nos mercados em desenvolvimento e emergentes, em nos globalizar. A próxima fronteira para nós está em lugares como Brasil, México, Coreia, Índia, China.
Valor: Nesse sentido, o CME Group considera algum movimento conjunto com a BM&FBovespa em direção a outros negócios na América Latina?
Donohue: Consideramos a BM&FBovespa nosso principal parceiro estratégico. Estamos claramente comprometidos em trabalhar juntos para explorar áreas com oportunidades mútuas, mas isso não é somente na América Latina. Regularmente nós falamos sobre oportunidades globais conjuntamente.
Valor: Faz sentido pensar em uma futura fusão com a BM&FBovespa?
Donohue: Toda vez que você pensa em uma fusão ou integração de grande escala, você realmente precisa se concentrar nas sinergias que podem ser alcançadas. Se considerar as fusões de bolsas nos últimos 10 ou 12 anos, um dos melhores exemplos de sinergias conquistadas foi a combinação do próprio CME Group porque estávamos no mesmo país, com um regulador, mesmos tipos de produtos, tínhamos muita sobreposição de plataformas de negociação, clearings. Quando você avalia transações com outro país não está claro que podem realmente prover muito valor para clientes e acionistas, porque você tem reguladores separados, sedes separadas, tecnologias separadas, exigências separadas. Talvez essa seja uma questão para o futuro, mas por enquanto estamos felizes com a parceria que temos com a BM&FBovespa.
Valor: Há planos de aprofundar a parceria com a BM&FBovespa?
Donohue: A próxima etapa no fortalecimento da parceira será ampliar o leque de produtos negociados, em ações, commodities, energia, metais. Olhamos como tornar os produtos da BM&FBovespa disponíveis na CME em dólares e os produtos da CME disponíveis na BM&FBovespa em reais. Isso apresenta boas oportunidades. E muito do que temos feito é enfrentar uma série de barreiras estruturais que existem para acessar os mercados de forma mais eficiente. Algumas vezes são barreiras legais, outras regulatórias ou de taxas. Algumas vezes são tecnológicas ou apenas uma questão de conhecimento. As pessoas precisam saber o que está disponível.
Valor: Nesta semana, o CME Group elevou as margens exigidas na negociação de contratos de ouro em cerca de 27%, o maior aumento em mais de dois anos. Vocês estão vendo a formação de bolhas?
Donohue: Não quero comentar níveis de preços, mas a razão pela qual nós aumentamos a margem foi baseada na volatilidade e em outros fatores de risco. O ouro tem se mostrado muito volátil. Nós aumentamos a margem há duas semanas e novamente ontem [quarta-feira] porque nós precisamos garantir que temos a quantia apropriada de colateral sustentando as posições das operações, já que somos os garantidores de todas as transações. Nós não fizemos isso pelo nível de preço do contrato, mas pelos riscos. A margem é um percentual do valor do contrato, então vai aumentar à medida que os preços subirem. Mas, se acharmos que o risco dos movimentos de preços é muito maior, poderemos aumentar o percentual também.
Valor: Além do ouro, houve mais procura por Treasuries apesar de os Estados Unidos estarem no centro das preocupações desta vez. Isso pode mudar? Ativos de mercados emergentes podem se beneficiar ainda mais desse novo cenário?
Donohue: Apesar do rendimento baixo, as pessoas ainda estão se dirigindo para os Treasuries pela segurança e solidez associada ao chamado "fly to quality". Eu não acho que isso tenha mudado fundamentalmente. Se a pergunta for sobre a chance de as pessoas migrarem para os mercados emergentes, minha resposta é que nós já vimos muito disso. Investidores americanos e europeus estão, em geral, bastante diversificados. Eles já têm uma grande exposição a mercados emergentes, então não vejo isso mudando muito. Eles já estão em países como Brasil e China.
Valor: Recentemente, o governo brasileiro apertou a regulação sobre o mercado de derivativos, com a cobrança de IOF sobre a variação das posições vendidas em dólar. Como o senhor avalia a decisão?
Donohue: Obviamente, eles estão tentando gerenciar uma situação mais ampla, com a apreciação do câmbio, tentando limitar a especulação que tem impacto sobre o real. Nós sempre nos preocupamos com taxas que podem, potencialmente, ter impacto sobre o funcionamento do mercado ou sobre a participação nesses mercados porque há consequências disso. Por exemplo, em um mercado em que você tem muita participação estrangeira, o peso de impostos limita o acesso e a consequência é menos liquidez, spreads mais largos e, se você estiver falando de mercados de ações, aumento do custo do capital ou, se estivar falando em derivativos, aumento do custo para se proteger [hedge]. Não sou especialista na situação tributária do Brasil, nós respeitamos as preocupações do governo, mas queremos que eles estejam conscientes do impacto que isso pode causar no custo do capital e no custo da proteção.
Valor: Em épocas de crise, o debate sobre a regulação dos derivativos cresce. Qual seria a regulação ideal, em sua opinião?
Donohue: Temos que separar o mercado de bolsa e o de balcão. Nos mercados de derivativos em bolsa globalmente, e certamente nos Estados Unidos, nós temos um regime regulatório rigoroso e amplo. É por isso que as operações em mercados como o CME Group e a BM&FBovespa funcionam tão bem. Realmente não há, em nossa visão, necessidade de enfrentar o arcabouço regulatório nos mercados de futuros e de opções. O grau de transparência e de colaterais é muito diferente no mercado de balcão, mas eu acho que tem havido bom progresso para enfrentar essas fraquezas estruturais, por meio de legislações como a Dodd-Frank. Estamos caminhando rapidamente para um ambiente em que os swaps (de taxas de juros e os Credit Default Swaps) terão liquidação centralizada. Separadamente, as instituições bancárias estão sendo reguladas diferentemente em termos de exigência de capital, níveis de alavancagem, operações com derivativos. Há uma grande mudança ocorrendo.

CHEQUES SEM FUNDOS TÊM LIGEIRO AUMENTO EM JULHO, REVELA SERASA EXPERIAN

portal Serasa Experian 22/08/2011

O percentual de cheques devolvidos (2ª devolução) por falta de fundos em relação ao total de compensados cresceu em julho. De acordo com o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos, foram devolvidos, em todo o país, 1,99% dos cheques compensados em julho, contra 1,93% em junho. Em julho de 2010, por sua vez, houve 1,74% de devoluções.

Na relação entre os acumulados também houve elevação no percentual de cheques sem fundos. De janeiro a julho deste ano foram 1,94% de devoluções, ante os 1,86% verificados em igual período de 2010.

Segundo os economistas da Serasa Experian, o aumento da incidência de cheques devolvidos por falta de fundos em julho frente a junho decorre das vendas parceladas com cheque pré-datado no Dia dos Namorados. Os juros altos, em razão da política monetária restritiva para controle da inflação, estimularam a volta dos parcelamentos no pré-datado.

Como as datas comemorativas do varejo, nos primeiros sete meses do ano, tiveram bom desempenho de vendas, houve também um uso mais intensivo desse instrumento no período. Por essa razão, aumentaram os cheques sem fundos também no acumulado de janeiro a julho de 2011.

*Confira abaixo tabela completa com os totais de cheques devolvidos e compensados:


Nos estados e regiões

De janeiro a julho, Roraima foi o estado com o maior percentual de cheques devolvidos (11,95%). São Paulo, por sua vez, foi o estado de menor percentual (1,47%). Entre as regiões, a Norte foi a com maior percentual de devolução de cheques nos sete primeiros meses de 2011, com 4,08%. Na outra ponta do ranking está a Sudeste, com 1,58%.

Veja abaixo o ranking completo com o percentual de cheques devolvidos de janeiro a julho de 2011:


EMPRÉSTIMOS CRESCEM EM JULHO, DIZ FEBRABAN

jornal Valor Econômico 23/08/2011 - Aline Lima

A oferta de crédito continuou mostrando fôlego em julho, tanto para a pessoa física como para a pessoa jurídica, de acordo com sondagem preliminar feita pela Federação Brasileira de Bancos. Embora o saldo possa apresentar ritmo menor de crescimento, as concessões diárias, com ajuste sazonal, teriam mostrado forte expansão. O Banco Central (BC) divulga amanhã a nota de crédito de julho.

No segmento de pessoas físicas, a sondagem da Febraban aponta para um aumento de 4,1% nas concessões diárias em julho contra junho, depois de excluídos fatores sazonais como as férias escolares. Na comparação com julho de 2010, a alta de 16,4% projetada pela entidade pode figurar como a maior desde novembro - antes, portanto, das medidas macroprudenciais do BC. Sem ajuste sazonal, a média diária das concessões recuaria 0,6% ante junho.

Na pessoa jurídica, as concessões diárias em julho, com ajuste sazonal, teriam crescido 7,8% em relação a junho, segundo a Febraban. Na comparação com julho do ano passado, a expansão teria sido de 17,7%, a maior desde maio de 2008. Sem ajuste sazonal, as concessões diárias de empréstimos e financiamentos a empresas recuam 0,9% em julho contra junho.

Os economistas da entidade ressaltam, porém, que o comportamento do crédito em julho pode não se confirmar como tendência, já que o período antecede o agravamento da crise internacional e das avaliações negativas quanto ao avanço da economia mundial.

É curioso notar que a aceleração do crédito verificada em julho na sondagem prévia da Febraban vai de encontro ao resultado da pesquisa de indicadores das condições de crédito divulgada no boletim regional do BC na última sexta-feira. Nela, a percepção de instituições financeiras para a oferta de financiamento ao consumo e para o crédito a micro, pequenas e médias empresas nos próximos três meses é pouco favorável.

Os economistas da Febraban observam que a falta de apetite dos bancos para conceder crédito nesses dois segmentos pode ter relação com o aumento da inadimplência e do comprometimento da renda do consumidor. Esses eram fatores considerados de maior importância pelas instituições na pesquisa anterior do BC, realizada entre março e abril. "Será importante acompanhar os dados de atrasos de 15 a 90 dias", destacam os economistas em relatório.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Homens superam mulheres na compra de previdência privada da SulAmérica .

Segs.com.br
 
A SulAmérica Previdência identificou, na sua base de clientes, o perfil do investidor que aposta na previdência privada para  garantir seu futuro financeiro e constatou que os homens são maioria, representando 56,4% dos investidores do total da carteira da seguradora. A predominância masculina se mantém em todas as categorias de produto da companhia. Nos planos segmentados, que incluem diversas opções de planos de previdência para pessoa física, os homens representam 56%.
 
Dentro da linha  de  produtos Prestige, voltado para o público de alta renda, 71% dos investidores são do sexo masculino. No segmento empresarial, os homens representam 60% dos funcionários das empresas clientes e, nos planos para menores, nos quais a contratação é feita por um adulto responsável, os homens também são a maioria, com 52% do total de investidores.
 
A idade média de contratação de um plano de previdência é outro dado que chama a atenção. Enquanto em 2005 os homens começavam a investir com 40,7 anos, em  2010 essa  idade já era  de 35,5 anos. Além disso, esta população, ao definir o melhor investimento, opta pelos planos VGBL (30%) em  vez  do  PGBL  (27%), cenário inverso ao apresentado em 2005, quando os homens  eram  mais  adeptos  dos planos na modalidade PGBL (30% ante 26% no VGBL).  “A  modalidade PGBL é a melhor opção para pessoas que possuem maior renda  pela  sua  característica de benefício fiscal. A opção VGBL atende a todas  as  classes  sociais  e  com a ascensão da classe C o produto ganhou espaço e notoriedade”, explica a diretoria técnica de Vida e Previdência, Carolina de Molla.[3]
 
As mulheres, porém, não ficam atrás. Hoje elas representam 43,6% da carteira de previdência, tem um perfil cada vez mais agressivo apostando em planos  com  renda variável em sua composição (54%), além de iniciarem suas contribuições cada vez  mais cedo. Hoje a idade média é de 34,5 e em 2005 era  de  39,8 anos. Além disso, as mulheres também preferem pelos planos na modalidade VGBL (24%) em vez do PGBL (19%), diferente de 2005, em que as mulheres tinham uma breve tendência a optar por planos PGBL (23% frente a 21% no VGBL). “É interessante observar o perfil do investidor da nossa carteira. Os homens apresentam  uma  predisposição  a investir em previdência privada e apresentam um histórico mais agressivo de investimento. As mulheres, porém, tem  deixado  de  lado  o  perfil conservador e apostado em fundos de renda variável”,  explica  Carolina  de  Molla.  “Aliar  isso  ao  fato  de que o investidor  está  procurando  a  previdência privada cada vez mais cedo nos permite  desenhar iniciativas cada vez mais direcionadas a esta população”, finaliza a executiva.

Birôs de crédito contestam novo projeto


Autor(es): Adriana Cotias | De São Paulo
Valor Econômico - 02/06/2011
 

Cadastro Positivo: Associação quer evitar que perfil de crédito do consumidor seja aberto a todas as empresas do setor

Os grandes birôs de crédito do país querem derrubar do projeto de criação do cadastro positivo a autorização automática que o consumidor dará para que empresas de bancos de dados menos tradicionais tenham acesso ao perfil do bom pagador de dívidas. Às vésperas do fim do prazo para a sanção presidencial ao projeto, a Associação Nacional dos Birôs de Crédito (ANBC), que reúne entidades do varejo, a Serasa e a Equifax, pediu o veto desse e de outros pontos no projeto.
Com a atual redação, o cliente terá que dar sinal verde para ter o seu CPF adicionado a um determinado birô e, ao fazê-lo, qualquer outra empresa de monitoramento de crédito poderá pedir aquelas informações às diversas fontes que alimentaram o cadastro: bancos, financeiras e concessionárias de serviços públicos - excluindo-se a telefonia celular.
O presidente do conselho diretor da entidade, Silvânio Covas, também diretor-jurídico da Serasa Experian, nega que a sugestão de veto do setor seja uma tentativa de assegurar a reserva de mercado. Ele defende que aquilo que aparentemente foi idealizado para democratizar o perfil de crédito do consumidor em diferentes birôs pode ser um empecilho para bancos e financeiras incentivarem o registro dos seus clientes. Isso porque, em caso de dano ao cadastrado, o texto prevê a responsabilização solidária das fontes que originarem as informações, de quem as consultar e dos birôs. "A autorização cega pode facilitar a entrada de birôs que não têm capacidade de captação de clientes, tecnologia ou patrimônio para suportar eventuais indenizações."
A entidade encaminhou carta aos ministérios da Fazenda, da Justiça e à Casa Civil, autoridades que costumam ser ouvidas na hora da sanção presidencial.
Em mercados mais maduros, como nos EUA, o consumidor não precisa autorizar a inclusão do seu perfil de crédito no cadastro positivo. Isso é feito automaticamente e as informações são compartilhadas entre os birôs, modelo que difere do Brasil. Por pressão das entidades de defesa do consumidor, Executivo e Legislativo concordaram que a adesão voluntária seria a melhor forma de se avançar na proposta. Lá fora, exige-se das empresas gestoras desses dados pré-requisitos mínimos de capacitação técnica, diz Covas.
No Brasil, onde até agora só há um mercado de informações restritivas de crédito, ou seja, de cadastro negativo, é o banco ou a financeira que sofreu a inadimplência que escolhe para qual birô vai remeter a informação.
A Serasa Experian está entre os maiores bancos de dados do país, tendo como concorrente direta a Equifax, que acaba de se associar à Boa Vista Serviços. Marcel Solimeo, economista da ACSP, considera que o governo deverá encontrar um caminho para dar segurança às informações abertas nos birôs, mas o risco potencial de mau uso dos dados existe. "Quem fez a emenda raciocinou que o mercado brasileiro conta com apenas três birôs, mas ficou uma brecha que permite que novos bancos de dados surjam sem estrutura."
Covas completa que o ideal seria que o consumidor, na hora da adesão ao cadastro positivo, indicasse com quais outros birôs as informações podem ser compartilhadas.

Proteção ao Crédito


SINAL - Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central

Consumidor sofre nas mãos do SPC e da Serasa
Quinze anos depois de aprovado o Código do Consumidor, as "centrais de informação do crédito" continuam cometendo abusos. O governo quer uma nova regulamentação para o setor, mas a proposta que pretende apresentar traz poucos avanços

 
Cadastro dos bons pagadores

Os 15 anos do Código de Defesa do Consumidor, festejados em março, foram saudados pelo governo como um sinal do amadurecimento da noção de cidadania na sociedade. Não se pode negar que houve avanços, mas a atuação do Estado ainda deixa muito a desejar. No que diz respeito aos birôs de proteção ao crédito, a omissão oficial acontece em várias frentes.
Na Câmara dos Deputados, por exemplo, a CPI da Serasa acabou em pizza. A empresa, a maior do Brasil entre os birôs privados de proteção ao crédito, ficou bastante conhecida na década de 90. Na época, a explosão de inadimplência provocada pelo Plano Real revelou, com mais clareza, até que ponto chegavam os abusos cometidos na manutenção dos cadastros de inadimplentes. O crescimento das denúncias levou a Câmara a abrir a CPI da Serasa, em março de 2001. Com muito estardalhaço, como sempre acontece em se tratando de uma CPI.
A Serasa não era a única do setor a cometer infrações, evidentemente. Ninguém desconhecia sua força – a empresa tem como acionistas os maiores bancos nacionais. Mas esperava-se, ao menos, que os debates abrissem espaço para uma proposta de regulamentação do setor. Não foi o que aconteceu. O encerramento da CPI, em novembro de 2003, foi melancólico. O relatório final ignorou as irregularidades apontadas por vários deputados e limitou-se a propor sugestões genéricas para o aperfeiçoamento do sistema.


Os efeitos da inclusão do nome de uma pessoa no cadastro do SPC podem ser semelhantes ao de um protesto de título. Em pouco tempo, a vida do consumidor vira um inferno. Bancos e lojas de crediário são os primeiros que lhe fecham as portas. Mas isso é só o começo. Se estiver sendo selecionado para um emprego, é bem provável que perca a vaga. Seu nome também pode ser recusado no serviço público. E ainda terá enormes dificuldades para conseguir um dos financiamentos que o governo oferece para a população de baixa renda. Tudo porque as empresas consultam o famigerado cadastro de inadimplentes para decidir a vida do cidadão.
O uso desse cadastro para definir ou não a contratação de um candidato talvez seja a maior crueldade. Afinal, a maioria das pessoas que não honram suas dívidas o faz justamente porque perdeu o emprego. Na tentativa de reverter a situação, muitos se tornam vítimas de um círculo vicioso. Querem "limpar" o seu nome na praça, mas o mercado lhes nega uma nova chance. Continuam, por conta disso, na lista amaldiçoada. Até que consigam vaga em uma empresa que não considere a inadimplência um crime.
Na prática, os serviços de proteção ao crédito – que o BC, acertadamente, chama de "centrais de informação de crédito" – são estruturas de coerção da cidadania do consumidor. Além de divulgar informações colhidas com metodologia duvidosa e pouco transparente, o sistema tem muitas falhas. É comum o consumidor ser inscrito no cadastro sem que tenha sido avisado em tempo hábil. A inclusão por equívoco também acontece com alguma freqüência. Se não bastasse, a demora na suspensão ou exclusão do registro parece ser a tônica dos SPCs.
Abusos sem punição
No caso específico da Serasa, o problema se agrava porque o Banco Central se recusa a fiscalizar suas atividades. Durante a CPI da Serasa, o ex-presidente Armínio Fraga afirmou que o BC não pode fiscalizar a empresa porque ela não é uma instituição financeira. Fraga disse ainda que o BC também não tem competência para fiscalizar a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) porque é uma associação. Sendo assim, não seria melhor suprimir da Constituição a competência do Banco Central para executar a supervisão bancária?
É claro que o "x" dessa questão é político. Mas existe, é verdade, um aspecto jurídico que favorece o raciocínio de Fraga. A Lei 4.595/64, que criou o Banco Central, não inseriu a fiscalização dos birôs de crédito entre as atribuições da autarquia. Atento a isso, o deputado Chico Alencar (PT-RJ) defende a ampliação das competências do BC para que a instituição também possa atuar nessa área. No entanto, Chico quer que o BC assuma apenas a responsabilidade de autorizar e regulamentar o funcionamento dos birôs de crédito. A fiscalização dessas entidades seria exercida pelos órgãos públicos de defesa do consumidor.
Seria o melhor dos mundos: um BC mais forte para regular os birôs de crédito, mas deixando a fiscalização a cargo dos Procons. É uma idéia análoga àquela que o governo pretende aplicar na defesa da concorrência bancária. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai fiscalizar a conduta bancária, mas o BC manterá a prerrogativa de decidir sobre a fusão de bancos que possam pôr em risco o bom funcionamento do sistema financeiro.

"Precisamos criar uma nova cultura de crédito no Brasil e retirar o argumento das instituições bancárias para
a manutenção de altos spreads."
Cornélio Pimentel


Nova regulamentação ainda em 2005
A proposta de Chico Alencar, assim como outras tantas que pretendem impor algum controle sobre os birôs de crédito, continua mofando nos escaninhos do Congresso. Mas a discussão do tema vai voltar, em breve, porque o Executivo resolveu legislar sobre o mesmo assunto. Recentemente, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa, anunciou que o governo quer aprovar nova regulamentação para os birôs de crédito. Ainda em 2005.
A perspectiva do projeto do governo, no entanto, é bem diferente. O texto elaborado pela Fazenda preocupa-se, até certo ponto, com o uso que os birôs fazem das informações. Mas a meta principal não é ampliar os direitos do consumidor. A equipe econômica quer um novo ordenamento jurídico no setor que ajude a elevar o volume de crédito.
Volta e meia, Lula aborda o assunto. Ele quer alternativas para reduzir o spread bancário – a taxa de juros que o sistema financeiro cobra pelas operações de crédito. Esta taxa é afetada por quatro itens: o custo de captação do dinheiro, as despesas operacionais dos bancos, suas margens de lucro e o custo da inadimplência. O custo de captação é alto porque, para financiar seu déficit, o governo toma emprestado no mercado quase todos os recursos disponíveis para empréstimos. Como não há sinais de diminuição deste déficit no curto prazo, é pouco provável que o BC faça uma redução na taxa básica de juros capaz de produzir uma queda sensível no spread.
Mexer nas margens de lucro dos bancos, que respondem por 40% da composição do spread, parece impensável. Nenhum governo até hoje teve coragem de tomar uma atitude dessas. Em função desse cenário, o Executivo escolheu a solução menos conflituosa, que consiste em aumentar o volume do crédito através da redução do custo da inadimplência dos devedores. Segundo estatísticas do Banco Central, o índice de inadimplência participa com 17% na composição do spread.
Ao optar por esse caminho, a Fazenda se deparou com outro problema. Um estudo feito pelo BC em 1999, e endossado pelo atual governo, concluiu que os bancos não dispõem de meios para identificar os bons pagadores. É uma avaliação bastante questionável, porque todo banco sabe direitinho quem paga em dia ou não. Seja como for, o governo quer aplicar nos birôs de crédito a mesma lógica adotada na nova Lei de Falências, que promete diminuir o risco de crédito através da oferta de instrumentos mais ágeis para a cobrança e execução de dívidas.
No caso dos birôs, a redução da inadimplência depende da modernização do setor. Essa modernização, por sua vez, implica regulamentar uma ferramenta que informe às financeiras em quais situações o empréstimo apresenta menos riscos.

Privacidade do
Um cadastro positivo que manipule tamanha quantidade de informações pode ser mais uma forma de espionar a vida do cidadão. O promotor Leonardo Bessa considera o tema bastante delicado. O Banco Central alega que a privacidade é preservada, pois exige que a instituição financeira possua autorização expressa do cliente para consultar as informações que lhe dizem respeito.
Bessa assegura que isso está longe de ser verdade. Segundo ele, o consentimento do consumidor é obtido por meio de cláusulas escondidas nos contratos de adesão (seja para empréstimo, seja para abertura de conta corrente). "Nenhuma explicação é oferecida ao consumidor sobre a utilidade dos seus dados pessoais serem tratados pela Central de Risco", critica o promotor.
Na verdade, a posição do Banco Central quanto à privacidade dos cidadãos é, no mínimo, contraditória. Em estudo disponível no seu site, o BC mostra, com orgulho, que as centrais de crédito brasileiras são as mais eficientes da América Latina (depois das americanas). Mas, ao fazer o comparativo com as centrais européias, bem menos "eficientes" que as nossas, o BC explica o fato em razão da forte regulamentação existente na Europa e da rigorosa proteção da privacidade do consumidor.
No Velho Mundo, não existe uma legislação específica para bancos de dados de proteção ao crédito. Em vez disso, há uma lei geral que protege o indivíduo em relação a qualquer conjunto de informações sobre ele organizadas em qualquer entidade. Há também uma agência reguladora do poder público, com absoluta independência, e com certo poder de polícia sobre todos os bancos de dados.
"Esta é a questão fundamental", na visão do promotor Leonardo Bessa. O projeto do governo para os birôs de crédito não se preocupa em definir quem deve ter o poder de polícia diante dos SPCs. Mas se o Brasil não enfrentar a questão, o comércio com a União Européia poderá sofrer sérias restrições a médio prazo. De acordo com Bessa, a Argentina saiu na frente nesse debate. Não só elaborou uma lei nos moldes do modelo europeu, como também vem insistindo para que os países que compõem o Mercosul tenham uma legislação comum nessa área.
É bom que o Ministério da Fazenda pense nessa questão antes de enviar ao Congresso a nova regulamentação dos serviços de proteção ao crédito. Aliás, o governo às vezes passa a impressão de que deseja inventar a roda. Se desse mais atenção às iniciativas da sua própria base aliada, teria à sua disposição muitas propostas interessantes.
cidadão em risco
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), uma das mais ativas durante a CPI da Serasa, é autora de um dos projetos mais abrangentes para o setor. Além de sugerir a criação de uma agência reguladora para fiscalizar a atuação dos SPCs, Perpétua se preocupou em preservar ao máximo a privacidade do consumidor. Ela sugere, por exemplo, que os cadastros positivos e negativos sejam totalmente independentes, para evitar os efeitos danosos do cruzamento de informações dos dois sistemas.
O projeto do governo não toca no assunto.

Como funciona o sistema no Brasil
Os serviços de proteção ao crédito surgiram na década de 50. Até então, o próprio lojista se encarregava de conseguir referências sobre o consumidor que desejava fazer uma compra parcelada. Com o aumento das vendas a crédito, percebeu-se que esta tarefa seria mais ágil se exercida por entidade voltada exclusivamente para esse fim. Este foi o motivo que levou a Câmara de Diretores Lojistas de Porto Alegre a fundar o primeiro Serviço de Proteção ao Crédito, em julho de 1955.
A idéia foi copiada no Brasil inteiro pelas associações comerciais dos municípios. Hoje, o SPC é uma rede nacional com 950 Câmaras de Dirigentes Lojistas interconectadas. Com 140 milhões de cadastros de pessoas físicas e 16 milhões de pessoas jurídicas, é o maior banco de dados eletrônico do país para análise de crédito. Segundo informações do SPC Brasil da Confederação Nacional dos Diretores Lojistas, o sistema é acessado diretamente por mais de 1,5 milhão de operadores, que representam 550 mil empresas. A média de atendimento mensal é de 16 milhões de consultas.
Neste nicho de mercado, destaca-se a Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos S. A.). Criada em 1968 por três dos maiores bancos nacionais, a Serasa de hoje tem como acionistas todos os bancos de médio e de grande porte. Seus produtos podem ser divididos em dois grupos. Os bancos de dados, propriamente ditos, e as ferramentas de troca de informações. Estas realizam a constante alimentação e atualização dos bancos de dados e permitem o intercâmbio entre o birô e seus clientes. Segundo dados da própria empresa, a Serasa fornece 3 milhões de consultas por dia. Seu número de clientes diretos e indiretos ultrapassa 300 mil.
Cadastros públicos
O mais conhecido é o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundo (CCF), do Banco Central. A autarquia também é responsável pelo Sistema de Informações de Crédito (SCR), o maior cadastro brasileiro baseado em informações positivas. Seu banco de dados é alimentado mensalmente pelas instituições financeiras, mediante a coleta de informações sobre a situação das operações de crédito existentes no fim do mês.
Apesar de o fechamento da coleta ocorrer no dia 30 de cada mês, o SCR só recebe esses dados no dia 20 do mês seguinte. Isso gera algumas distorções.
Um consumidor que tenha pago no dia 1º de abril uma conta vencida no dia 30 de março permanece na lista de inadimplentes do SCR até o dia 20 de maio, data em que o BC recebe dos bancos a posição das operações registradas no fim de abril. Este exemplo mostra que o consumidor, mesmo com o cadastro positivo, continua sendo prejudicado injustamente.
O SPC da União
Os devedores do governo federal são listados no Cadim, o Cadastro de Inadimplentes da União. Podem ser inscritos no Cadim tanto uma pessoa física que esteja em atraso com o Imposto de Renda quanto uma prefeitura ou governo estadual.
Em 2003, a governadora Rosinha Garotinho enfrentou algumas dificuldades para receber do Ministério da Justiça os recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública. Na época, o Rio estava inscrito no Cadim por não ter honrado compromissos financeiros com os Ministérios da Fazenda e da Cultura e com o BNDES. O problema foi resolvido graças ao acordo do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, com o então secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho. O próprio Palocci emitiu um certificado de adimplência para o Rio.
A "ferramenta" em questão é o cadastro positivo. Ela recebeu esse nome em oposição ao modelo vigente. Hoje, a maioria dos serviços de proteção ao crédito opera apenas com informações "negativas" – dívidas vencidas e não pagas. São cadastros restritivos, nos quais só há registros que depreciam o consumidor. O cadastro positivo, que o governo quer regulamentar, vai na direção oposta. Seu objetivo: traçar o perfil do consumidor a partir de todas as contas pagas em um determinado período (não previsto no projeto do governo). Se durante um ano, por exemplo, o indivíduo honrar todos os seus compromissos, será considerado um bom pagador. Alguém que oferece menos riscos. Como recompensa, poderá obter crédito com taxas menores.
"Precisamos criar uma nova cultura de crédito no Brasil e retirar o argumento das instituições bancárias para a manutenção de altos spreads." É o que defende Cornélio Pimentel, chefe do Departamento de Supervisão Indireta do Banco Central. Pimentel está à frente da Central de Risco do BC, o único cadastro positivo regulamentado no país. Não por uma lei específica, mas pela Resolução Interna 2724/00.
Criada em 1997, a Central de Risco também armazena as dívidas vencidas, mas a preocupação maior é registrar os compromissos que estão sendo honrados. Desta forma, o agente financeiro certifica-se de que o endividamento total da pessoa ou empresa é compatível com sua capacidade de pagamento, não havendo risco de inadimplência. Há, contudo, um limite. Em função do gigantesco volume de informações, só constam na Central de Risco pessoas ou empresas que têm dívidas acima de R$ 5 mil. É, portanto, um serviço que abrange apenas a classe alta e uma parcela da classe média.
O governo quer levar o modelo da Central de Risco para os serviços privados de proteção ao crédito. O promotor de Justiça Leonardo Bessa tem sérias dúvidas a respeito. Representante do Ministério Público do Consumidor nas discussões com o governo sobre o novo projeto, Bessa afirma que a Central de Risco do BC ainda não produziu os resultados que se esperava. "Não se tem notícia de um único caso em que o consumidor tenha efetivamente se beneficiado da tão alardeada taxa de juros menor em razão de um bom histórico de crédito", desafia.
O Banco Central tem suas justificativas para o fato. Até o ano passado, os dados disponíveis na Central de Risco limitavam-se a mostrar o total de empréstimo tomado no sistema financeiro e o nome das instituições que concederam o crédito. Com esses dados, era possível identificar apenas os clientes que estavam altamente endividados e que poderiam oferecer algum risco. Segundo os bancos, essas informações eram insuficientes para uma avaliação positiva dos clientes.
Em junho de 2004, o BC inaugurou a nova Central de Risco, que passou a se chamar Sistema de Informações de Crédito. Desde então, o Sistema inscreve nos seus cadastros informações sobre o tipo e o prazo do empréstimo, garantias, indexador e até a taxa do contrato. Também estão incluídos no "pacote" as dívidas no cheque especial, as operações de crédito direto ao consumidor e, principalmente, o histórico de pagamento nos últimos 12 meses.
Vânio Aguiar, um dos responsáveis pela modernização da Central de Risco, acredita que essa massa de informações permitirá uma diferenciação clara entre o bom e o mau pagador. "É bem diferente uma pessoa que deve R$ 50 mil numa operação de financiamento habitacional, que é de longo prazo, de outra que deve R$ 20 mil no curto prazo", avalia.

(Central de Risco do BC)
Parceria para fiscalizar

PARCELAMENTO DE FATURA É ARMA PARA CONTER CALOTES

jornal Valor Econômico 19/08/2011 – Aline Lima

A elevação do limite de pagamento mínimo da fatura mensal do cartão de crédito de 15% para 20%, prevista para 1º de dezembro, já fez acender o sinal de alerta da inadimplência nas instituições financeiras. Para tentar minimizar a perspectiva de alta no número de calotes no fim do ano (e início de 2012), os bancos estão reforçando entre seus clientes a oferta de parcelamento da fatura do cartão. A modalidade facilita a organização financeira dos endividados e, diferentemente da linha de crédito pessoal, não contempla a disponibilização de recurso adicional ao limite pré-aprovado no plástico.

No Santander Brasil, o volume de parcelamentos de faturas de cartão de crédito cresceu 75% no primeiro semestre do ano ante igual período de 2010. "Temos certeza que vai haver um pico [de inadimplência], por isso estamos tentando prever cenários e estabelecer as ações necessárias", afirma Walter Antonio Savaglia Neto, gerente executivo de cartões do banco. O executivo conta que, no mês de junho, houve um aumento "marginal" de inadimplência, mas não sabe dizer se é reflexo do primeiro ajuste no limite de pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito determinado pelo Banco Central (BC), de 10% para 15%.

Por via das dúvidas, o Santander pretende "tornar ainda mais abrangente" seu programa de educação financeira, criado há um ano e meio. "Nos planejamos e intensificamos a abordagem aos clientes no primeiro trimestre, quando a necessidade de crédito para pagar impostos e despesas escolares é maior, e vamos repetir a dose", diz. O uso do rotativo é uma variável importante na detecção de comportamentos de risco, mas não a única. "A propensão do cliente cancelar o cartão, por exemplo, é outra variável que utilizamos de forma combinada", explica.

A Itaucard também está atenta aos atrasos e ao crescimento da utilização dos limites pré-aprovados por seus clientes. "Não verificamos mudança no patamar de inadimplência ainda, mas vai piorar", afirma Fernando Teles, diretor da Itaucard. A administradora de cartões do Itaú Unibanco vem desde fevereiro intensificando a oferta de parcelamento da fatura a clientes "dependurados" no rotativo.

O Banco do Brasil (BB), que passou a disponibilizar a alternativa de parcelamento da fatura do cartão somente no início de 2010, informa que a modalidade vem tendo uma aceitação considerada consistente. Entre julho de 2010 e julho de 2011, a expansão no volume de parcelamento de faturas no banco estatal foi de 39%. O BB se antecipou à medida do BC que previa para junho a elevação do limite de pagamento mínimo da fatura do cartão para 15% e fez o ajuste ainda em outubro de 2010. A próxima correção, de 20%, deverá ser feita na data estipulada pelo BC, em 1º dezembro. "Mas vamos alertar os clientes sobre a mudança em setembro", diz Maria Izabel Gribel, gerente executiva de cartões do BB.

EMPRÉSTIMO PESSOAL NO CARTÃO GANHA FORÇA

jornal Valor Econômico 19/08/2011 – Aline Lima

À sombra do crédito rotativo, uma modalidade ainda pouco difundida começa a dar sinais de força na indústria financeira. Trata-se de empréstimo pessoal por meio do cartão de crédito, produto que, além de fazer as vezes de linha adicional ao limite pré-aprovado do cartão, está sendo oferecido, em alguns casos, também como alternativa ao caríssimo juro do rotativo.

Itaú Unibanco e Santander vêm intensificando a oferta de empréstimo pessoal por meio do plástico para expandir suas carteiras de crédito principalmente entre não-correntistas. A modalidade é também alvo de interesse do HSBC, que estuda o lançamento do produto neste segundo semestre, por meio de sua financeira Losango.

Na pioneira Credicard, a linha de crédito pessoal já responde por 39% do saldo de recursos financiados (o rotativo por 55% e os acordos de parcelamento, por 6%), segundo Leonel Andrade, presidente da empresa. No fim de 2008, o rotativo representava 95% do estoque financiado da administradora de cartões do Citi e os acordos de parcelamento, os 5% restantes.

"O rotativo não é um negócio no qual eu apostaria no futuro", sentencia o presidente da Credicard. Andrade acredita que o rotativo tende a continuar perdendo espaço nos números da empresa. A expectativa é que, até o fim de 2012, a balança se inverta e cerca de 60% do saldo financiado na Credicard seja proveniente da linha de crédito pessoal e 40% do rotativo.

No Itaú Unibanco e Santander, o foco não está direcionado a clientes que costumam fazer uso constante do rotativo, e sim àqueles com potencial para gastos superiores aos volumes usualmente despendidos por mês no cartão. Na mira estão principalmente não-correntistas, já que os correntistas podem acessar linhas de empréstimo pessoal pela internet, caixas eletrônicos ou nas agências.

"O cartão foi a única forma encontrada de fazer crédito pessoal para esse público", explica Fernando Telles, diretor da Itaucard. Embora não revele o volume financiado pela linha, o executivo diz que o montante cresce de forma expressiva desde 2009, quando o produto começou a ser oferecido pela Itaucard.

Parte do desempenho é puxado pelo elevado valor dos desembolsos. O tíquete médio do empréstimo pessoal por meio dos plásticos Itaucard é de R$ 3,5 mil. O prazo é de 24 meses, podendo chegar a 36 meses no caso de correntistas. Segundo Teles, 80% dos tomadores são não-correntistas do Itaú Unibanco, e a maioria tem perfil de alta renda.

A carteira de cartão de crédito do Itaú Unibanco, na qual estão incluídas as operações de empréstimo pessoal feitas por meio do cartão, apresentou expansão de 22,8% nos 12 meses encerrados em junho, alcançando R$ 34,555 bilhões.

O Santander oferece empréstimo pessoal por meio do cartão de crédito desde 2009, mas foi em 2010 que o banco passou a impulsionar o produto comercialmente, por meio de anúncios via mala direta e telemarketing. As campanhas muitas vezes estão atreladas a ofertas de produtos, cujas condições são negociadas previamente em acordos entre o Santander e redes de varejo.

A saldo de empréstimo pessoal vinculado ao cartão triplicou de tamanho no Santander entre junho de 2010 e junho de 2011, segundo Walter Antonio Savaglia Neto, gerente executivo de cartões do banco. Ele não informa o volume financeiro, mas diz que o valor é significativo. A carteira de cartão de crédito do Santander cresceu 32% entre junho de 2010 e junho de 2011, para R$ 11,7 bilhões.

Batizado de SuperCrédito, o empréstimo pessoal do Santander é oferecido a não-correntistas como uma linha adicional, que não compromete o limite do cartão de crédito e tem pagamento parcelado em até 36 vezes. "Incremento meu relacionamento com o cliente e ainda o mantenho na base por muito tempo", observa Savaglia Neto.

Tanto no Santander como no Itaú Unibanco, os critérios para a escolha dos clientes que irão receber proposta de empréstimo pessoal pelo cartão parecem convergir para um perfil de tomador financeiramente disciplinado, apesar de propenso a consumir mais. "Procuramos identificar na base pessoas adimplentes", diz Teles, da Itaucard. "O rotativo tem uma natureza distinta do crédito pessoal, pressupõe uma decisão temporal."

O Santander está atrás de clientes com um comportamento de risco "adequado" ao produto, segundo Savaglia Neto. "Não encontro relação direta entre o crédito pessoal e o rotativo", afirma. O executivo reconhece, porém, que as taxas praticadas pelo rotativo estão "fora da realidade". "Enfrentamos queda no volume de financiamentos pelo rotativo e isso é o que queremos", diz Savaglia Neto.

A estratégia de substituição paulatina do rotativo pelo crédito pessoal pressionou, num primeiro momento, a receita da Credicard. De acordo com Leonel Andrade, houve uma queda de 10% da receita total em 2009, quando o crédito pessoal começou a ser oferecido pela Credicard, na comparação com 2008. A taxa média de juro da linha é de 5,3% ao mês, enquanto no rotativo esse valor sobe para 11,5%.

O crescimento da base de clientes da Credicard, atualmente de sete milhões, e do volume movimentado pelo crédito pessoal - a linha pode chegar a um valor até três vezes superior ao limite pré-aprovado do cartão - compensou, posteriormente, a migração "provocada", em parte, pela Credicard. A receita da empresa cresceu 10% entre 2010 e 2009 e 20% no primeiro semestre de 2011 ante o igual período do ano passado, segundo Andrade.

"É preciso repensar o negócio de cartões, pois a receita do rotativo é enorme, mas não significa que seja um bom produto", diz o presidente da Credicard. Uma das desvantagens seria a sazonalidade da linha, que tende a cair significativamente em períodos de mercado de trabalho aquecido. "O rotativo é muito rentável, mas oferece poucos meios de controle. O cliente entra e sai a hora que quer, se sente explorado e, por isso, não é fidelizado", diz.

À frente da Credicard desde o fim de 2008 e, anteriormente, no comando da Losango, Andrade conta que, sempre que se tentou baixar a taxa de juro do rotativo, o consumidor não reagiu. "Teoricamente, eu ganharia se conseguisse atrair clientes de outros bancos ou se os meus passassem a usar mais o rotativo", diz. "Mas como o consumidor não percebe, perco receita e não agrego novos consumidores", completa.

O crédito pessoal, em compensação, apresenta vantagens como a maior previsibilidade de pagamento do empréstimo, que se reflete em menores riscos de inadimplência. Além disso, os executivos do mercado ressaltam o alto nível de recorrência à linha por parte do tomador.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Inflação cairá fortemente entre setembro e abril de 2012, diz Tombini

BRASÍLIA – A inflação brasileira cairá “fortemente” a partir de setembro, segundo o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini. Em entrevista concedida a jornalistas estrangeiros no início desta tarde, ele afirmou que a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cairá dois pontos percentuais entre os resultados de setembro deste ano e abril de 2012, considerando o acumulado de 12 meses.
Isso quer dizer que, na avaliação de Tombini, o IPCA deve atingir algo entre 4,7% e 4,8% nos 12 meses terminados em abril do ano que vem – taxa muito mais próxima do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,5% ao ano. Atualmente, o IPCA está acima do teto da meta do BC, que é dois pontos percentuais superior ao centro (6,5%). Nos 12 meses terminados em julho, dado mais recente divulgado pelo governo, o IPCA acumulou 6,87%.
“O BC já comunicou ao mercado, no relatório de inflação de março, que persegue a meta de 4,5% para 2012. Já começamos a ver resultados promissores da política coordenada de aperto tocada pelo governo desde o início do ano. A inflação brasileira já está em trajetória declinante”, afirmou Tombini, logo no início da entrevista, feita por teleconferência.
Ao longo da entrevista, o presidente do BC voltou a falar de inflação. Pela primeira vez, Tombini externou sua visão de como foi formada a aceleração da inflação no Brasil. “A inflação foi alta em todos os países na passagem de 2010 para 2011, especialmente para os emergentes”, disse Tombini, para quem a elevação nos preços das commodities, iniciada em meados de 2010, foi a principal responsável, ao lado do mercado doméstico aquecido, para a alta nos preços. “A alta de commodities foi muito mais intensa nos países emergentes, uma vez que os alimentos tem um peso maior na cesta de consumo dessas sociedades”, afirmou. Segundo Tombini, a atuação do governo brasileiro foi “muito ativa” no combate a inflação. “Tivemos uma política muito abrangente de combate à inflação, combinando apertos fiscais e monetários”, disse.
(João Villaverde | Valor)

SOLUÇÃO DA ACCESSTAGE REDUZ EM ATÉ 30% GASTO DE TEMPO COM GERENCIAMENTO DE VENDAS COM CARTÕES

portal Maxpress 16/08/2011 – release Versátil Comunicação Estratégica

As empresas buscam, cada vez mais, reduzir o tempo que seus profissionais dispensam a tarefas operacionais. O objetivo é permitir que possam se dedicar mais às atividades de caráter estratégico, melhorando os índices de produtividade, aperfeiçoando as ações de vendas e os resultados nos negócios. Para suprir essa crescente necessidade, a Accesstage (www.accesstage.com.br), subsidiária da Mitsubishi Corporation do Brasil e especialista em soluções tecnológicas para a integração eletrônica entre parce iros de negócios, remodelou seu portal de serviços e aprimorou as várias ferramentas ali disponíveis. É o caso do a|s Cartões, que passou a oferecer mais benefícios e diferenciais em seus serviços.
Direcionado a empresas de pequeno, médio e grande portes, o sistema a|s Cartões proporciona aos clientes a otimização do tempo em uma série de atividades, como o controle de relatórios eletrônicos. “Com a solução, gestores chegam a reduzir em até 30% o período dedicado ao gerenciamento de extratos eletrônicos de vendas. E esta economia se reverte em atividades estratégicas para alavancar os resultados da empresa. Além disso, torna-se possível manter o controle de todas as bandeiras e produtos em um só portal”, explica o gerente de marketing da Accesstage, Peterson Pais. Ele informa ainda que, lançada há cerca de um ano e meio, a solução aumenta a precisão das informações, reduzindo as chances de erro em até ; 15% nas transações comerciais.

Além da otimização do tempo e da redução da margem de erro nas informações referentes a transações com plásticos, o sistema a|s Cartões possibilita acompanhar todas as taxas praticadas e os valores gastos com o aluguel da “maquininha” (POS), além de evitar desgastes e desperdício de tempo na busca por dados como estorno ou duplicidade nas vendas. “Ao aderir ao portal, o lojista passa a contar com um sistema de Business Intelligence para o seu negócio, podendo acompanhar os valores brutos e líquidos a receber por filial e por domicílio bancário. Sem falar que pode optar pelo serviço de conciliação e ter o controle sobre qualquer eventual divergência entre o valor esperado a receber e o depositado pelos adquirentes” , afirma Pais.

O executivo lembra que todos esses benefícios são essenciais para manter o alto nível de crescimento das vendas no comércio, que realiza, cada vez mais, negócios por meio de cartões de débito e crédito. Esse aumento é um reflexo direto do aquecimento econômico e ascensão de classes que ampliaram a utilização do plástico.

A Privalia, um dos maiores clubes online de compras do país, com 3 milhões de sócios, está entre os 150 clientes da Accesstage que utilizam a solução.

“Utilizamos o sistema a|s Cartões há cerca de seis meses. A solução ajudou de forma considerável a reduzir recursos gastos com recebimento, manipulação, transformação e uso das informações recebidas das adquirentes. Optamos por esse sistema, pois conseguimos tornar visível e validar todos os pagamentos, além de detalhar cada operação realizada”, explica o gerente financeiro da Privalia, Miguel Fernandez.